sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Corte

Hoje nasceu um corte no meu polegar.
É curioso porque um corte, para algumas pessoas, é sinônimo de dor, de curativos, de reclamações. Pra mim isso é tão comum que já nem ligo.
Ele tem "só" 0,5cm e está aberto. Já não sangra.
Fico pensando que a "não dor" tem muito mais a ver com o "estar acostumada" do que com o fato de realmente não doer.
Às vezes, a dor chega a dar prazer... parece estranho, mas é isso que me faz cutucar (para sentir a mão pulsando), é o que me faz tirar a pele.
Não acho isso bonito. É bem feio, por sinal. Mas não ligo mais. Antes escondia, agora exponho. Mostro pro mundo minha mão feia, minha mão rejeitada, minha mão com defeito.
A dor pode ser transformada em arte. Quantos já fizeram isso! A arte pode ser terapêutica, pode ser uma válvula de escape.

30-07-12
Local: cozinha (hora de lavar louça).

31-07-12
Local: quarto (hora de dormir).

No dia 1o. de Agosto eu não tirei nenhuma foto. Foi um erro. Tinha planejado fazer um diário da minha mão por 100 dias. Como não consegui, foi um dia cheio de coisas, imprevistos, memórias... deixei passar. E então criei uma outra regra. Nada de fotos no primeiro dia de cada mês.

02-08-12
Local: sala, com Scotch.

03-08-12
Local: estante de livros.

Nessa última foto, a de hoje, é possível ver o tal corte no meu polegar.

Esses dias, no Facebook, alguém comentou que a minha mão, assim, aberta, parece uma espécie de pedido de socorro... Não tinha pensado sobre isso antes. A ideia de fotografar minha mão tem muito mais a ver com a vontade que eu sempre tive de escondê-la. Pensei que deveria fazer o contrário. Mas fiquei com isso na cabeça!
É preciso refletir. É preciso fazer arte.

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